Wednesday, May 30, 2007

Xequemate

Pensar assim, que nada importa, a não ser a vontade.
Estendia as mãos na mesa, e olhando-a nos olhos dizia: "Sou todo teu!"
M palrava elaboradamente sobre as coisas do trabalho enquanto a remirava com olhos de comer.
Jogo perigoso, pensava ela.
Nada mais importava, a não ser aquela arena, aquela mulher. Qual presa ou troféu.
Champanhe, sorrisos cúmplices, conversa. Só faltava um fósforo para arder de fio a pavio.
Até que ela, num ataque de lucidez, lhe pede para estender as mãos e lhe pergunta, "o que é isto?"
Ele responde, sem problemas, "É a minha aliança", passando o anel do mindinho para o anelar, sorrindo.
"Está um pouco amolgada, como o meu casamento."
Ela olha-o nos olhos, pergunta-lhe pelas crianças. Estão bem e são duas.
Ela percebe então que naquele universo, tudo isto é legítimo: os inuendos, os jogos de sedução.
É a história do caixeiro viajante, versão século XXI.

E pela primeira vez ela entrevê as linhas com que se cosem aqueles que em triângulos se desenham.

M rouba-lhe um beijo, entre um ponto morto e uma primeira, em plena cidade.
Ela respira fundo ao sair do carro e pensa para os seus botões: GAME OVER.

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Thursday, May 24, 2007

To B or not to BBC


Hoje foi um dia.
Em tudo diferente.
Fui a caminho de Bruxelas.

E depois de passar o nervosismo, lá respondi às perguntas.
Palavra puxa palavra, fui almoçar com os jornalistas.
Vai para o ar na segunda, na BBC World. Ainda não sei a que horas.

Quando puser a cabeça na almofada, vou pensar em ti.
E dizer-te ao ouvido murmurando...to be or not to be, that is the question.

Monday, May 21, 2007

depois da tempestade, a bonança

Viagem a Genebra: um sucesso
Casa em Amsterdão: reservada, num sítio fabuloso e cheia de espaço!
Cabelo: ainda mais curto
Carro: estacionado à porta e a brilhar

Que dizem os astros? Confirmam!

Wednesday, May 09, 2007

Ruido na linha




Sem ressentimentos, pensou ele. Ela suspirou: No dia em que não sentir, deixo de existir. Embrenhada por estranhas travessas viajou mais além.
Havia no ar uma sabor amargo, a desilusão.
Ele pensou que era ele - convencido, sempre.
Ela desapontada ripostava, mas o assunto não era esse.
Tinha mas é a ver com a vida e os sentimentos. E isso ele já não podia perceber, porque o essencial é invisível aos olhos e aos corações amarfanhados. E o dele tinha sofrido transformações. E o dela dizia encerrado para obras. Estruturais.
Mas com prazo marcado para abertura.

Indagava-se ela sobre o destino de todos os sonhos aspirados e não vividos. E suspirava de novo. Estarão fechados numa cave à espera do grande estouro? Assim seja.

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Tuesday, May 08, 2007

Promises like pie crust

Promise me no promises,
So will I not promise you:
Keep we both our liberties,
Never false and never true:
Let us hold the die uncast,
Free to come as free to go:
For I cannot know your past,
And of mine what can you know?

You, so warm, may once have been
Warmer towards another one:
I, so cold, may once have seen
Sunlight, once have felt the sun:
Who shall show us if it was
Thus indeed in time of old?
Fades the image from the glass,
And the fortune is not told.

If you promised, you might grieve
For lost liberty again:
If I promised, I believe
I should fret to break the chain.
Let us be the friends we were,
Nothing more but nothing less:
Many thrive on frugal fare
Who would perish of excess.

Christina Rosseti

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Monday, May 07, 2007

Still waters run deep

Sou a fossa das marianas. Na última semana consegui ter um acidente, ir parar ao hospital com a minha mãe que lá ficou a dormir sob observação, envelhecer uns anos, indagar-me quanto à volubilidade da vida e das pessoas, ser interrogada quanto às minhas escolhas, ouvir o que não gostei, dizer o que outros não gostaram, trabalhar incansavelmente, andar a visitar casas e não descobrir nenhuma de jeito. Ponto parágrafo. Vou dormir.