Friday, October 26, 2007

estocolmo:Jag Älskar Dig

A Suécia.
Um dos meus amores de juventude. Aquela simplicidade à beira de água. Os homens altos como árvores, o falar enrolado do cozinheiro dos marretas, os bolinhos de canela, os olhos lindos das mulheres lindas. Aquele estilo understated e nada overrated nas ruas, nas folhas, nos papéis, na vida.
E depois as velas acesas, as casas quentes quentes, o frio a repuxar a cara, a brisa do arquipélago.

Fui ao parlamento falar. Correu bem. Passei uma tarde a ouvir sueco, e curiosamente percebi algumas coisas. Que quanto mais elaborado o discurso, mais entendia, já que os barrocos das palavras vêm sempre do latim. E latim por latim, lá se apreende.

A minha história de amor continua.
E dentro de duas semanas vamos até ao Sul passear.
Às vezes belisco-me. E depois percebo, que isto está mesmo a acontecer.
Tudo parece coberto de nova película.
E tudo faz sentido.

Friday, October 05, 2007

São Vicente

Hoje, sentada na esplanada, pude observar as trocas de carinho de um casal bem idoso, que almoçava calmamente.

Depois, ao cheirar este ar puro da floresta e da montanha, viajei longe longe até à minha infância e aqueles dias em que passava uma temporada em S.Vicente, Entre-os-Rios com os meus avós .

Lá percebia a troca de afectos e atenções constantes entre os dois. Tive ali um dos maiores exemplos de partilha, do que é estar a dois. E de como dedicados, sempre foram um do outro além de serem eles próprios. Como se sempre se tivessem destinado.

Ainda aos 80 anos, lembro-me de ver o meu avó apanhar flores campestres ao sabor do momento, espontaneamente. E do ar deliciado da minha avó a recebê-las.

Soube muito tempo depois, que aí uns 4 anos depois de casados, a minha avó esteve muito muito doente, quase a morrer. Chamaram o padre, houve extrema unção. E ele não saiu nem um momento da cabeceira, ali passando horas e horas, sem dormir.

Um homem que sempre dormiu pouco. E leu muito. Que me levava a passear aos domingos até à Barra dos Pilotos e me oferecia bolas de berlim. Que desenhava pássaros, que me lia livros, que me mostrava as fotografias da família. Ela, uma mulher que antes de ser mãe e avó era a sua companheira. Desse o que desse. Para trás deixava tudo, e ia. Fosse onde fosse. Desde que fosse com ele.

Eu acho, que naquele leito de quase morte, fizeram uma promessa de nunca se separarem. Por isso, quando ela partiu, já estava ele como que mergulhado numa demência. Como se não fosse capaz de lhe dizer adeus. Ainda assim, em raros momentos de lucidez, quando se apercebia que ela não estava ali, chorava emocionado.

Ele e ela tinham 11 anos de diferença.
Nós também.

Wednesday, October 03, 2007

Bem devagar

Agora só me apetece cantar esta música do Caetano Veloso. Porque é mesmo assim. Porque me sinto abençoada e muito muito feliz:

Sem correr
Bem devagar
A felicidade voltou para mim
Sem perceber
Sem suspeitar
O meu coração deixou você surgir
E como o despertar depois de um sonho mau
Eu vi o amor sorrindo em seu olhar
E a beleza da ternura de sentir você
Chegou sem correr
Bem devagar
Amor velho que se perde
Sai correndo para outro ninho
Amor novo que se ganha
Vem sem pressa, vem mansinho...