Wednesday, May 30, 2007

Xequemate

Pensar assim, que nada importa, a não ser a vontade.
Estendia as mãos na mesa, e olhando-a nos olhos dizia: "Sou todo teu!"
M palrava elaboradamente sobre as coisas do trabalho enquanto a remirava com olhos de comer.
Jogo perigoso, pensava ela.
Nada mais importava, a não ser aquela arena, aquela mulher. Qual presa ou troféu.
Champanhe, sorrisos cúmplices, conversa. Só faltava um fósforo para arder de fio a pavio.
Até que ela, num ataque de lucidez, lhe pede para estender as mãos e lhe pergunta, "o que é isto?"
Ele responde, sem problemas, "É a minha aliança", passando o anel do mindinho para o anelar, sorrindo.
"Está um pouco amolgada, como o meu casamento."
Ela olha-o nos olhos, pergunta-lhe pelas crianças. Estão bem e são duas.
Ela percebe então que naquele universo, tudo isto é legítimo: os inuendos, os jogos de sedução.
É a história do caixeiro viajante, versão século XXI.

E pela primeira vez ela entrevê as linhas com que se cosem aqueles que em triângulos se desenham.

M rouba-lhe um beijo, entre um ponto morto e uma primeira, em plena cidade.
Ela respira fundo ao sair do carro e pensa para os seus botões: GAME OVER.

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3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

LINDO!
Ana

10:51 AM  
Anonymous Anonymous said...

Boa Teresita! Dá vontade de continuar a ler este romance mas tu, com algum cinismo de mulher "vivida", decidiste pôr-lhe um fim. É legítimo!

6:44 PM  
Anonymous Anonymous said...

E legitimo ou o rapaz nao era assim tao giro, ca para mim ;-)

4:47 PM  

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