Tuesday, April 29, 2008

Pela América Latina: polarizada

Ando em viagem pela América Latina.
Chegada à Venezuela,enfrento as grandes diferenças que tornam esta parte do mundo tao particular: uns com tanto, outros com tao pouco.
Mergulhada nos aparelhos do Chavismo, escuto as estórias de como a revoluçao está a alterar a paisagem nacional,de como hoje há acesso universal a todos os medicamentos, cuidados de saúde, educaçao.É um facto.

Qual nao é o meu espanto quando me colocam na TV nacional, em horário prime, em pleno debate político, às sete da tarde, maquilhada e penteada. Uma experiência surreal, eu,por coincidência vestida de vermelho (a cor dos chavistas) a denunciar as prácticas pouco éticas da indústria farmacêutica, rodeada de comentários e atençoes, e ciente de que estava em estado de perfeito escrutínio. Antes da sessao, 3 pessoas diferentes abordaram-me de forma subtil,tratando de saber que opinava eu do presidente,e eu sincera contestava que a Europa se alarmava com tamanha concentraçao de poder num unico individuo. Ficavam caladinhos.

E agora que lá estive posso dizer: é verdade que as grandes nomeaçoes sao políticas, que os vermelhitos comandam, mas também é verdade que há liberdade de imprensa-- diria até de ofensa --nunca vi programas de TV nem li jornais que chacinassem tanto o governo e o presidente, isto nos canais da oposiçao. E por contraponto, nunca vi tanto spinning e aproveitamento politico nos canais do estado.

Nem nunca senti, devo dizer,em toda a minha vida, tamanho calor e atençao de auditório e das suas 400 pessoas,ali reunidas para ouvir-me falar. Entendiam o que dizia e estavam no mesmo comprimento de onda. E aí sim, senti por primeira vez o verdadeiro peso político do que faço e de como aqui, explicar que os interesses públicos sao primordiais nao é falar chinês. Amen e um beijinho grande aos venezuelanos.