Wednesday, March 19, 2008

Conversa de pai e filha

Ao telefone tivemos hoje uma das conversas mais bonitas de sempre.
Porque falamos abertamente um com o outro, e me confessaste os teus medos de pai.
Os medos de quem se encarrega, de quem toma conta.
E de quem se preocupa.
E eu talvez pela primeira vez, assumi na realidade aquele que era o teu papel, na reciprocidade.
E falando-te ao coração, ao escutar a tua voz carregada, percebi.
Isto de ser eu filha e tu pai, é uma coisa que acontece, quase uma coincidência.
A vida é como um ciclo e é no fim das coisas que aprendemos o que deviamos saber desde o início:
Se ontem eras tu que me seguravas a mão, hoje sou eu que te amparo.

Roma e Amor

Porque Roma é Amor.
E tens ruas e o Coliseu.
E um Vaticano de tesouros.
E uns gelados de sonho.
Porque a amizade não conhece fronteiras, não tem idade nem morada.
E porque sabe sempre bem voltar a casa.
Quando a casa são aqueles a quem queremos bem.

Monday, March 03, 2008

A força das coisas

Que dizer quando vemos sofrer aqueles a quem queremos tanto bem?
Quando uma amiga não fala porque chora, alguém não confessa porque sente, e sabemos que muito mais fica por dizer?

Que falar então, se ali não há mais lugar para as palavras?
Existe uma terra de ninguém, onde cada um tenta depois à viva força, regressar a casa e voltar à tona.

Não sei porquê, mas não desesperes, não sei porque isto acontece.
E muito menos, não sei porquê a ti.
Sei só que a vida trata de nos mostrar as coisas como elas são.
E a força que elas têm.
Declaro-a injusta, sobejamente irónica.
Mas ainda assim, tento acreditar que existirá algum sentido nisto tudo.
Para não enlouquecer. E não desistir.

Por isso, hoje ou amanhã, quando leres isto, sorri.
Houve alguém que passou por aqui e soube ler-te à transparência.
Houve algures naquela bruma um luar desenhando outros contornos.
Houve ali na madrugada, novo sol.

Obrigada aos 32

Aos 32.

Presa numa reunião de trabalho numa sala tipo bunker não pude ir mais além e mandar beijinhos a todos os que mandaram mensagens no dia 28.

Passei um fim de tarde lindo.
Encontramo-nos diante da National Gallery, um festim de especiarias seguido de um manjar do espírito: teatro no West End, como deve ser.
É por estas e por outras, que me assalta um grande medo de crescer, como confessei hoje ao meu irmão.
É porque tu, pela primeira vez, despertas em mim coisas que nem sabia existirem.
E pelas outras tantas surpresas, os outros tantos trunfos, na manga, no bolso, no livro, na bicla, no horizonte, eu sei lá...
Porque sim.