Thursday, July 19, 2007

A urgencia da partida

Há em todas as viagens, o seu quê de preparação. Agora que sonho com o sol e o mar de um mediterrâneo aconchegadinho, vejo crescer exponencialmente a lista das coisas a tratar até sábado.

E no íntimo, algures entre um palpitar e uma impressão no estômago, aquele crescendo excitado, que se pronuncia de onde em onde, como quem não quer a coisa, a lembrar que não tarda nada, vai haver tempo para dormir mais que a conta, nadar num mar salgado, correr de manhãzinha e comer peixinho grelhado...

Mais a sul, um sabor a sal.
Não tarda nada.

Tuesday, July 17, 2007

Posologia

Escreve ele:

"I was always convinced that two soul mates can be good friends, even if of different gender. It is still true. Talking to you is a real treat, that when administered from time to time is like a balsam."

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Monday, July 16, 2007

Morre lentamente...

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente...

Pablo Neruda

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Sunday, July 15, 2007

"Eu Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia" declamado pelo Celso no de Boterwag

Eu, Rosie, eu se falasse eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Tu pensas
Nas vantagens imensas
De um par
Que paga sem falar;
Eu, nauseado e grogue,
Eu penso, vê lá bem,
Em Arles e na orelha de Van Gogh...
E assim entre o que eu penso e o que tu sentes
A ponte que nos une - é estar ausentes.

Reinaldo Ferreira

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Saturday, July 14, 2007

O manifesto de Paris

Apaga a luz, fecha os olhos e escuta.
A verdade é que só hoje te posso dizer o que no fundo sempre senti.
Não conseguiste ver então, não consegues entender agora, nem vais entender amanhã.
Este é o meu manifesto.

Não quero mais ser a que cuida.
Não quero mais ser a que protege incessantemente.
A que atura, a que cala, a que consente.
E que depois dentro sofre. Seguidinhas, vezes sem conta.
Almas atormentadas, não obrigada.
Já lá estive, e não é para mim esse território.

Quero, ir mais além, para lá do desafio do momento, do sabor dos entretantos.
Quero o amanhã que pode ser.

Friday, July 13, 2007

mais um teste com piada

As virtudes do google

Hoje descobri que o M., velha paixão dos meus 20 e poucos, anda a investigar meteoros no México. Parece-me bem.

Sunday, July 08, 2007

Les jeux sont faits

Percebi que na vida tudo tem seu momento,
Dor, alegria, sol e chuva
Tudo tem o seu tempo

Não tem que ver com o que sentimos ou com o que acontece
É a sorte e o acaso misturado
De um dia estarmos, é um precipitado.

Entretanto entendi
Esta coisa do amar
Parece mas é um jogo de azar

Pode ser que chegue
Pode ser que não.
Pode ser que sussure
E que abrace
Pode ser que enleve
E depois desgrace.
Assim como aparece
Logo se esvai
E quanto mais se sobe
Mais ainda se cai.

Certo, certo
É mesmo assim
Tudo o que nasce
Também tem um fim.

Gazelle under the sun

Apareceu e eu fui.

Saturday, July 07, 2007

No man's land

Existem dias assim, em que as horas se demoram e o pensamento voa. Também em direcção a lugares menos visitados.
Os amigos inquietam-se porque lhes pareço perdida, assim meia sem eira nem beira nas coisas do coração.

Agora, eu digo. Tenho também direito a esta terra de ninguém. A este não saber bem o que quero. A verdade é que não tenho pressas, e ainda que conserve muita da minha esperança visceral, aquela que me acompanha desde sempre, já não dou por mim em desvarios de sonhos. Serão os 31 a pesar, talvez, ou até um certo desalento em relação a acontecimentos recentes. Não importa. O que importa é que tudo se arranja, e a vida na sua infinita sabedoria, se encarrega de balançar os diversos aspectos, incluindo a tal área nebulosa que circunscreve os afectos.

Amanhã quando acordar, talvez já tenha passado esta nuvem. E apareça o sol. E eu saia por aí fora na minha bicicleta. Tomara!

Wednesday, July 04, 2007

Devolver ao remetente

Vieste à noitinha já passava da uma da manhã. Querias aflorar a conversa que tinhas recusado nessa mesma tarde.
Completamente ébrio, subias as escadas trôpego, arrastando-te pelos cantos. Metias dó. Mas eu, sem grandes conversas, tracei a prova dos nove, passei a mensagem que queria e mandei-te de volta, de regresso às origens. Para a rua.


I am not like you
My words are said, yours left unspoken
I dare to share what I feel,
You would rather conceal
And live according to the image once created
Of a creepy hollow of a tower erected amidst the pieces of a broken hearted man.

I pitied you, as you lit up that cigarette opening the windows of your mind.
I saw a lost soul. In distress.
But I will not be your guide in the darkness.
Because I am not like you. And you do not belong here.

Tuesday, July 03, 2007

As coisas são como são

Haviam de vir anotados, os homens.
Como os livros. Com notas de rodapé.
Assim podíamos todas saber: Homem perigoso, não mexer.
O problema é que nunca li livros de instrucções.

Ainda assim, consigo, a par e passo, surpreender-me e ficar fula, quando alguém me desilude ao revelar falta de carácter...

Lá está:as coisas são o que são. E têm a importância que lhes atribuímos.

Je suis venue te dire que je m'en vais...

Monday, July 02, 2007

Postal de Paris

Querido F.

Existem muitos homens aqui que me lembram as tuas mãos
e que falam francês com o teu sabor arrastado.
Je ne sais pas quoi elevado à enésima potência,
Sapatos lindos nos pés de mulheres maravilhosas, dignas de écran de cinema.

Não há mais palavras.
Eu realmente adoro esta cidade.
E as livrarias que ela tem.